quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ensaio Sobre a Cegueira

Não, não estou me referindo ao livro do José Saramago.

Ensaio sobre a cegueira é quando você pensa se gasta R$ 3.000,00 para não ficar cega com elegância, ou se você encara um "fundo de garrafa"... Antes fossem vários fundos de garrafas de vinho ou de cerveja, pelo menos dá pra ficar cega com alegria.

Mas não, para eu poder enxergar o oftalmologista indica as lentes Hoya, as melhores, top de linha, que custam quase R$ 2.000,00, mas tudo bem, é por uma boa causa... Na ótica você encontra um Bvlgari que nem é da nova coleção por apenas R$ 1.125,00. Claro que você não vai comprar lentes Hoya, uma verdadeira jóia, quase um Brad Pitt, um Antonio Banderas das lentes e depois enfiá-las num fusca ou numa Brasília amarela para passear com você.

Mas eu acho escandaloso gastar R$ 3.000,00 para poder enxergar e não ter o nariz deformado... Com esse valor eu pago uma passagem de ida e volta para Lisboa, porém cega. Compro uma moto Honda pop 100, ano 2007, porém cega e desequilibrada, sendo que nem tenho muito talento numa bike. Posso comprar um

MacBook Air de 11 polegadas com 2GB de memória, 64 de armazenamento em flash, placa gráfica NVIDIA GeForce 320M... Um sonho para quem amarga dois e anos com um DELL usando o Windows Vista... Mas, se eu não puder enxergar... Mas eu posso enxergar de uma maneira relativamente barata, porém terei o meu nariz deformado dentro de alguns meses... Mulheres que transitam pela 50 Avenue se preocupam com essas coisas, pois é terrível tentar driblar a lei da gravidade, e se temos algo que reafirme essa trágica lei ano após ano e que a ajude a estragar mais ainda o que o tempo se incumbe de fazer, entramos em crise. Dizem que o nariz e as orelhas ficam enormes... Por que essa maldição do nariz e as orelhas continuarem crescendo? Já não basta saber que tudo está despencando?

Mas como sou uma mulher de "atitude" (detesto essa palavra), não vou me preocupar com esses detalhes de aparência e me render a essa sociedade de consumo que implora para que usemos lentes Hoya e armações Bvlgari, Armani, Dior e etc.

Ok, vou lá à farmácia comprar uns óculos de quatro graus e meio para perto e um de 2 graus e meio para longe... Compro também uma correntinha dourada para pendurar os dois no pescoço e se eu me irritar muito, dá até para simular um suicídio, assim o drama fica completo!

Mas não sou favorável a processos autodestrutivos, portanto simulação de suicídio não cabe nos meus planos.

É, dividem em 12 vezes sem juros.


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